Por Pedro Alexandre Sanches e Eduardo Nunomura
| Em 31 de outubro de 2010, Dilma Rousseff foi eleita presidenta do Brasil, movida pela maioria da população a dar continuidade aos oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do qual ela fez parte como ministra do primeiro ao último dia. A continuidade vem se concretizando na prática, com raras exceções – entre essas, a mais brusca e difícil de compreender é a que acontece no sempre marginalizado ramo da cultura. Na troca de comando no Ministério da Cultura (MinC), Juca Ferreira (substituto do primeiro nomeado por Lula, Gilberto Gil, do qual fora secretário-executivo desde o início) cedeu vez a Ana de Hollanda, irmã de Chico Buarque e integrante de uma família a quem Lula e Dilma devem estima e gratidão. De passagem por São Paulo para abrir o I Fórum Internacional de Gestão Cultural, na noite de quarta-feira 21, Juca Ferreira concedeu entrevista exclusiva a FAROFAFÁ, a primeira em que se dirige ampla e criticamente à sua sucessora-e-opositora desde o início de 2011, quando se radicou na Espanha para atuar na Secretaria Geral Iberoamericana (Segib). O ex-ministro principia negando a animosidade, a contraposição entre dois projetos concorrentes e o desejo de criticar Ana. Mas acaba por enfrentar o embate: “Houve retrocesso, é claro”. Na entrevista, Juca desnuda-se em oposição evidente aos abandonos, rupturas e retrocessos políticos praticados pela gestão de continuidade mais opositora da história recente deste país. Critica sutilmente, por exemplo, a aparente inação da instituição máxima da cultura brasileira frente às vicissitudes vividas na velhice pelo mito musical João Gilberto, ex-marido de outra Buarque de Hollanda (Miúcha) e pai de uma sobrinha cantora de Chico e Ana (Bebel Gilberto). Embora cuidadoso em relação às evidências de que a atual ministra age nos bastidores do MinC em favor do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), do qual é compositora associada, Juca mira ataque na corporação gestora dos direitos autorais por execução pública de música no Brasil: “Eu sabia que o Ecad participou da conspiração para que eu não continuasse. Para mim, cada qual no seu cada qual: poder público é poder público, interesse restrito é interesse restrito”. Resta, à presidenta Dilma, a indagação até hoje não respondida (nem formulada pela mídia tradicional aparentemente empenhada em blindar a gestão Ana de Hollanda): por quê? Leia a entrevista no blog Farofa Fafá, clicando aqui |

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