18/02/2013

O artigo de Caetano sobre o carnaval de Salvador



Ao ler este artigo de Caetano Veloso, parei pra pensar nas motivações dos seus argumentos.
O que motivaria Caetano chamar de golpistas aqueles que criticam este modelo de carnaval? Me veio primeiro aquela sensação de algo escrito por alguém que está longe do dia a dia de nossa cidade. 

Talvez da limitação de uma melhor leitura do que acontece por aqui, apenas por viver somente o verão na cidade. Mas é Caetano! Embora, não viva o nosso dia a dia, ele é uma pessoa bem informada.

Então por que esse artista que tanto admiro escreveria algo tão conformista? Na minha humilde opinião, chego a conclusão que a raiz dos seus argumentos está no mesmo que o move a ser contra as cotas. Me parece que para Caetano, o carnaval não é espaço de luta de classe e de raça.
Para ele, o carnaval reflete a sociedade desigual e compartilha da mesma tese de Bell de que a corda sempre existiu, um erro grotesco, diga-se de passagem.
Vou em frente retirando o "conformista", visto que o mesmo se nega a essas lutas. Digo que a naturalidade com o que ver este modelo excludente, para mim, o coloca ao lado daqueles que excluem o povo da festa. Ora, se o carnaval reflete nossa sociedade, como não refletiria suas lutas? O Ilê Aiyê e os demais afro são símbolos dessa luta, então não vê?

A luta existe e deve existir. Há uma identidade mutilada a ser resgatada. Há racismo e desigualdades diversas que, assim como nos demais dias do ano, devemos fazer com que não sejam encaradas como algo natural. Não é Ivete, muito menos Cláudia, mas todo um sistema adotado para a grande festa que concentra renda pra meia dúzia de artistas e empresários, segrega, exclui a maioria da população e mutila nossa cultura, reduzindo este grande caldeirão às imposições do mercado.

Sabe, é muito bom saber que um artista tão genial quanto Caetano sai no meio do povo, atrás do Psirico, banda popular. Seria bom também que assim como foi atrás do Psirico, Caê fosse atrás do trio de Moraes e visse a péssima qualidade sonora do trio que deram ao velho novo baiano. Merecia muito mais! Se soubesse o que fizeram com um renomado cantor na praça Castro Alves para que uma banda iniciante, "filhos" do mercado pudesse desfilar no seu lugar, quem sabe não mudasse de idéia?

Mas quem sou eu pra perguntar essas? Fico aqui na minha insignificância de um folião no meio de uma multidão de indignados.

Leia o artigo de Caetano e tirem suas conclusões. Segue o link:

http://oglobo.globo.com/cultura/corda-cor-7599153

Fernando Monteiro

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